sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Moralismo na República dos Renans: só não perdoaram as prostitutas e os transexuais


15 12 2007

No Congresso, estão a atirar pedras em Maria Madalena.

A Comissão de Constituição de Justiçada Câmara rejeitou em novembro passado o projeto de lei que legaliza e regulamenta a prostituição. Por tratar de assunto penal, o projeto ainda terá que ser apreciado no plenário da Câmara, mas dificilmente será aprovado, a entender o viés “moralista” que predomina na Casa sobre os assuntos do “sexo”.

E se falta quorum para aprovar a matéria, não falta quem, na sociedade civil, deva ser enaltecido pelo trabalho pioneiro em benefício dos profissionais do sexo. Neste instante, lembremos aos parlamentares de Gabriela Leite, que luta pelo reconhecimento de seus direitos de “puta”, como gosta de ser chamada, desde 1987, tendo criado uma rede nacional de profissionais do sexo. Hoje, 25 associações fazem parte da rede, que edita o jornal “Beijo da Rua” desde 1988.

Um leitor do Estadão comentou que

“a Câmara não aprovou o projeto porque todos eles [deputados] teriam que declarar dupla jornada de trabalho” (www.estadão.com.br/nacional/not_nac76967,0.htm).

Se o motivo não foi esse, deve ter sido pelo arrogo falso-moralista que tomou nossos pudicos parlamentares nos últimos tempos. Ainda em novembro, a Câmara dos Deputados proibiu uma exposição de fotografias que se realizaria em suas dependências, porque a transexual Rogéria aparecia em uma das fotos com pêlos pubianos visíveis.

Rogéria se disse chocada, porque nunca ficou dentro do armário…. Enquanto isso, o Senado fecha questão sobre a inocência de Renan Calheiros, graças aos votos secretos daqueles que preferem o escurinho das urnas indevassáveis.

É assim que se vive na Renânia*: um dia é do caçador e outro dia é da espingarda.

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*Renânia: expressão cunhada pelo jornalista Melchiades Filho, da Folha de S.Paulo.

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